Uma Paris libertária com gostinho de Bertolucci... Por que não? Ah, e com uma pitadinha de incesto e nudez caprichada para reforçar o sabor. Pode ser uma experiência detestável ou deslumbrante. Bom, vamos ao que interessa...
Os três estão inebriados com o que está acontecendo do lado
de fora de suas portas, míopes pela beleza de uma revolução. Respiram o desejo
de quebrar as normas sociais, almejam a mudança, mas continuam enfurnados em
casa, presos numa bolha de comodismo. Theo e Matthew discutem Godard,
Jimi Hendrix, Eric Clapton, Truffaut e Chaplin. Os irmãos fazem jogos sobre
filmes com prendas sempre sexuais. O relacionamento dos três evolui,
principalmente entre Matthew e Isabelle. O estopim chega ao final, quando a rua
os chama e Matthew solta a frase “make love, not war”, porque um clichêzinho é
sempre bom para alma.
O filme — principalmente nos diálogos metalinguísticos sobre cinema – é
entrecortado pelas cenas originais em questão, ou como quando o trio repete a
corrida no Museu do Louvre de Bande à Part, de 1964.
Bertolucci retrata a nudez e o erotismo com uma
sensibilidade absurdamente natural, tornando tudo agradável aos olhos — e aos
ouvidos. A trilha sonora é incrível: Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Doors e o
próprio Michael Pitt com “Hey Joe”, tudo para incrementar o ambiente de
juventude e rebeldia.
Michael Pitt está convincente. Louis Garrel como o rebelde
idealista, repito: Louis Garrel — não necessita maiores informações. Eva Green
é a menina dos olhos, sua personagem, Isabelle, é um dos melhores pontos do
filme. Ela é extremamente intrigante e sensual no início, mas ao passar das
cenas, descobrimos uma Isabelle dependente, quase assustada.
É inspirado pelo romance "The Holy Innocents" de Gilbert Adair, responsável pelo roteiro do longa.
Confesso que, de cara, esperava algo maior, mas o conjunto funciona bem; na época do lançamento, o filme também não agradou tanto. Não é nenhuma obra-prima, é bem mais uma homenagem ao cinema em si. Alguns momentos podem ser cansativos — mas os diálogos compensam, viu? E, ah, sobre o Rated R: gente, mas é só nudez bonitinha e sexo na cozinha, também bonitinho.
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