sexta-feira, 28 de junho de 2013

Filme - Os sonhadores (2003)

 Uma Paris libertária com gostinho de Bertolucci... Por que não? Ah, e com uma pitadinha de incesto e nudez caprichada para reforçar o sabor. Pode ser uma experiência detestável ou deslumbrante. Bom, vamos ao que interessa...

Paris. Maio de 1968. Com a revolução estudantil como plano de fundo, Matthew (Michael Pitt), um norte-americano que está no país para aprender francês, conhece os gêmeos franceses, também aficionados por cinema e revolucionários, Isabelle e Theo (Eva Green e Louis Garrel, respectivamente) em um protesto na Cinémathèque Française. Com os pais viajando, os gêmeos convidam Matthew para passar o mês com eles. De imediato, Matthew se assusta com a relação de Theo e Isabelle, começando pelo fato de dormirem nus na mesma cama, mas logo é introduzido no universo próprio dos gêmeos.
Os três estão inebriados com o que está acontecendo do lado de fora de suas portas, míopes pela beleza de uma revolução. Respiram o desejo de quebrar as normas sociais, almejam a mudança, mas continuam enfurnados em casa, presos numa bolha de comodismo. Theo e Matthew discutem Godard, Jimi Hendrix, Eric Clapton, Truffaut e Chaplin. Os irmãos fazem jogos sobre filmes com prendas sempre sexuais. O relacionamento dos três evolui, principalmente entre Matthew e Isabelle. O estopim chega ao final, quando a rua os chama e Matthew solta a frase “make love, not war”, porque um clichêzinho é sempre bom para alma.

O filme — principalmente nos diálogos metalinguísticos sobre cinema – é entrecortado pelas cenas originais em questão, ou como quando o trio repete a corrida no Museu do Louvre de Bande à Part, de 1964.
 Bertolucci retrata a nudez e o erotismo com uma sensibilidade absurdamente natural, tornando tudo agradável aos olhos — e aos ouvidos. A trilha sonora é incrível: Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Doors e o próprio Michael Pitt com “Hey Joe”, tudo para incrementar o ambiente de juventude e rebeldia.
Michael Pitt está convincente. Louis Garrel como o rebelde idealista, repito: Louis Garrel — não necessita maiores informações. Eva Green é a menina dos olhos, sua personagem, Isabelle, é um dos melhores pontos do filme. Ela é extremamente intrigante e sensual no início, mas ao passar das cenas, descobrimos uma Isabelle dependente, quase assustada. 
É inspirado pelo romance "The Holy Innocents" de Gilbert Adair, responsável pelo roteiro do longa. 
Confesso que, de cara, esperava algo maior, mas o conjunto funciona bem; na época do lançamento, o filme também não agradou tanto. Não é nenhuma obra-prima, é bem mais uma homenagem ao cinema em si. Alguns momentos podem ser cansativos — mas os diálogos compensam, viu? E, ah, sobre o Rated R: gente, mas é só nudez bonitinha e sexo na cozinha, também bonitinho. 


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