quinta-feira, 27 de junho de 2013

Filme - A Separação (Jodaeiye Nader az Simin - 2011)



A Separação foi um dos maiores filmes de 2011. O filme recebeu a atenção internacional ao receber o Urso de Ouro no Festival de Berlim daquele ano, e no ano seguinte, ao ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Recentemente, tive a oportunidade de assisti-lo, e posso dizer que toda a atenção foi merecida.

O filme trata de Nader e Simin, casal iraniano em processo de divórcio, causado pela insistência de Simin de deixar o país com a filha, e pela impossibilidade de seu marido de fazê-lo, já quem tem que cuidar de seu pai, que sofre de Alzheimer. A partir daí, Nader decide contratar Razieh, uma mulher islamita que passa por problemas financeiros, para ajudá-lo nessa tarefa. Saindo deste ponto, é impossível falar mais sobre o filme sem causar uma enxurrada de spoilers, mas o que posso adiantar é que se trata de um filme "tretante" (desculpem, mas não havia palavra melhor). Conforme os (muitos) problemas vão se estabelecendo, cada cena do filme se torna essencial para a resolução dos mesmos, nos fazendo refletir sobre as ações dos personagens (Deveria Nader, um homem decente, pagar tanto por um único momento de má conduta? Pode-se culpar Razieh por suas ações? Os planos de Simin ajudam ou atrapalham?).Dessa forma, aos poucos a história da separação se torna a base do filme, o lugar aonde todos os problemas começaram, mas também, a situação que, ao final do filme, pode ser a mais afetada por todas as ocorrências.

O diretor e roteirista Asghar Farhadi cria uma obra memorável aqui. Com excelente diálogos, ele retrata uma daquelas situações tão complexas que podem parecer mentira, mas que em algum momento sempre ocorrem na vida de todo mundo. O elenco também é um ponto forte do filme. Todo o elenco feminino dividiu o Urso de Prata de Melhor Atriz em Berlim, e o mesmo aconteceu ao elenco masculino com o Urso de Prata de Melhor Ator. Com um acerto geral no tom dos personagens, vemos uma história que não trata de estereótipos, mas de pessoas.

Lidando com temas como a moral, a subjetividade e a família, Farhadi estimula o espectador a pensar e sentir junto com os personagens. O fato do filme ser iraniano não afeta em nada. Não é necessário ter noção nenhuma dos costumes e moral das religiões no país para se entender a história e os dilemas. O filme é praticamente universal, e esse é seu maior trunfo.

OBS: Achei que o trailer podia estragar as surpresas do filme, portanto decidir não postar. Pra quem decide se aventurar, é bem fácil achá-lo no YouTube.

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